O presidente da Nação Independente Comando Vermelho, Eduardo Da Silva Rodrigues, o Capitinga, uma das organizadas envolvidas na briga de domingo, no Beira-Rio, afirmou que o conflito que resultou em um torcedor temporariamente inconsciente, além de um segurança do Inter com lesões leves, não é entre as torcidas, mas sim entre integrantes dela. Os fatos serão investigados por um inquérito policial, pois o Juizado do Torcedor entende que é necessária uma apuração maior da confusão entre membros da Nação Independente e da Guarda Popular ao final da vitória do Inter sobre o Coritiba.
Imagens das câmeras de segurança do Beira-Rio mostram a confusão. Um grupo de colorados vestidos com camisetas brancas (caracterizando ser da Nação Independente) caminha no pátio do clube, entre o Centro de Eventos e o estádio, em direção à Avenida Padre Cacique. Outra turma, com camisetas vermelhas, sai debaixo da marquise do Gigantinho, e a correria se inicia. Alguns torcedores de vermelho portam pedaços de madeira nas mãos. O corre-corre se estende do ginásio até a frente do Centro de Eventos, onde seguranças privados e a Brigada Militar intervêm e interrompem a confusão. O caso ficará sob cuidados da 20ª DP.
— O que chama atenção é que não parece ser nada do jogo — aponta André Flores, diretor de administração e responsável pelas torcidas organizadas.
A medida cautelar pune Christian Giordan Gonçalves, 18 anos, e Diego Bittencourt Correia, 30 anos, com o afastamento dos estádios onde o Inter atuar, independentemente do mando de campo, por 90 dias. Nos dias de jogos, a dupla tem de se apresentar à polícia. A Nação Independente está proibida de atuar nos jogos do Inter até que sejam identifaicados e punidos os demais torcedores vinculados ao tumulto. Seus integrantes podem ingressar no estádio, desde que não caracterizados com a camiseta da organizada ou portem faixas e instrumentos de percussão.
— Os fatos foram graves. Uma violência que beira a selvageria. Não pode ser admitida no ambiente de estádios de futebol — resumiu o juiz Marco Aurélio Martins Xavier, responsável pelo Juizado do Torcedor.
Eduardo Da Silva Rodrigues, o Capitinga, presidente da Nação Independente Comando Vermelho:
Como a Nação Independente tratou a briga internamente?
Não tem a ver com a gente, com a torcida organizada. Isso é algo ligado a uns dois, três que brigaram no pátio do Beira-Rio. Não é da torcida. É uma briga de membros da Nação e de membros da Popular. Isso já vem há um tempo, já tentamos dar uma apaziguada, estávamos conseguindo, até que surgiu isso. Os caras estavam saindo, antes de acabar o jogo, para não cruzar com a Popular, e os caras estavam esperando no Gigantinho com paus e pedras na mão. A direção do Inter diz que não, que foi a Nação que fez a bronca. Estamos acatando a decisão e puniremos os envolvidos. É errado punir a torcida.
Você falou com os integrantes que brigaram?
Falei com as lideranças de Canoas. Eles sabem que estão punidos. Não vão comparecer aos jogos. Enquanto nossa torcida estiver punida, eles não irão aos jogos. Parece que a gente, com camisa de torcida, é criminoso. Mas não. A gente usa camisa da torcida até mesmo para identificar. Eles saíram do portão 3. Obrigatoriamente eles passam pelo Gigantinho. Eles estavam com paus e pedras na mão. O Beira-Rio está limpo, não tem esses materiais. Você não sai do Beira-Rio e, em minutos, pega pau e pedra na mão. Eles estavam ali de tocaia. O Inter diz que não. Ou não quer ver.
O que você quer dizer com briga antiga?
Quando um não quer, fica difícil, entende? Nós tentamos resolver o problema. A Nação já tentou conversar que isso não vai levar a nada, mas enquanto um achar que está errado e o outro não, não adianta.
O que motiva essas rixas?
É muita guerra de beleza, um monte de coisinha pequena que, juntando, dá um problemão. Um quer ser maior que o outro, melhor que o outro, mais poder. Do nada, passou a dar briga. Vamos falar com os líderes da Popular para acabar com isso. Claro, não depende apenas de nós.