O repórter Fabrício Falkowski, do Correio do Povo, relembra neste sábado de um dos jogos mais importantes da história do Inter e que evitou o rebaixamento do time para a Série B. O texto na íntegra está nas páginas do jornal, Abaixo, uma das retrancas.
“Quatro jogadores do Paysandu se venderam. Não tenho provas e, por isso, não vou citar nomes, mas é certo que aconteceu.” Assim, o ex-presidente do clube paraense fala, pela primeira vez, sobre os rumores que cercaram a partida daquele 17 de novembro de 2002. José Artur Guedes Tourinho hoje está afastado do futebol e ocupa a presidência da Junta Comercial de Belém. Na época, presidia o Paysandu. ‘É a lei da oferta e da procura. A torcida não aceita que um clube do tamanho do Inter caia”, observa.
Tourinho revela detalhes de como tudo teria acontecido. Segundo ele, o assédio começou na quinta-feira que antecedeu a partida, quando os primeiros contatos de pessoas ligadas ao Inter ocorreram. No dia seguinte, prevendo que a oferta também chegaria aos jogadores, Tourinho procurou um contraveneno: uma premiação extra para vitória, não para derrota. Buscou junto à Amazônia Celular um bicho extra de R$ 50 mil para dividir entre os atletas. “Na sexta-feira à noite, peguei os R$ 50 mil, juntei com mais R$ 20 mil do caixa do Paysandu e fui para o hotel da concentração. Reuni o grupo, olhei na cara de cada um e disse: “Tem alguém que quer se vender aqui?”. Ninguém confirmou. Então, disse que daria os R$ 70 mil para o time ganhar do Inter. O rebaixamento do Inter seria uma notícia mundial, e todo mundo ganharia, inclusive o patrocinador”, afirma ele.
Mas o plano teria dado errado. “Os quatro jogadores tiveram uma reunião com um empresário no sábado, véspera da partida. Foi no almoço. Acho que foi ali que acertaram tudo”, lembra. Hoje, o empresário citado encontra-se preso em Belém acusado de duplo homicídio.
O ex-presidente do Paysandu conta que, depois do jogo, foi até o vestiário sob um chuva de moedas atiradas pela revoltada torcida. Chegando lá, conta que perdeu a razão e tentou agredir um dos “vendidos”. ‘Fui para cima dele. Mas o pessoal separou”, conta. Segundo Tourinho, houve também um sério desentendimento dos quatro atletas com o resto do grupo. Afinal, segundo a versão do dirigente, os quatro receberam uma bolada, enquanto que os outros nem os R$ 70 mil puderam amealhar.
Já na época da partida, as informações de que alguns jogadores do Paysandu teria “facilitado” circulou tanto em Porto Alegre quanto em Belém. A manchete do jornal O Liberal, um dos principais do Pará, anunciou no dia seguinte ao jogo: “Papão envergonha a Fiel”.
O Correio do Povo também noticiou o fato e naquele época entrevistou Tourinho, que confirmou ter sido assediado por “pessoas interessadas em intermediar um encontro” entre ele e dirigentes colorados. Hoje, como naquela época, todos ligados ao Inter negam com ênfase e indignação: “Isto tudo é papo-furado. Aquele jogo foi muito difícil”, relembra Clemer.
Um comentário:
Mas essa matéria não é a revisão de um episódio colorado.
É o resumo de toda a sua história.
Postar um comentário