Em
um ano que deveria ser de contenção de custos, os clubes brasileiros,
mais uma vez, aumentaram suas dívidas durante 2014. É o que mostram
balancetes deles publicados no segundo semestre e dados coletados pelo
blog. Entre os times de São Paulo, quem teve maior crescimento de
passivo foi o Palmeiras. Essa é a terceira matéria sobre a crise do
futebol nacional.
Foram levantados dados de 10 agremiações, sendo
sete delas com balancetes obtidos. Desses, o Flamengo é o único que
reduziu de fato o seu débito. O Fluminense teve uma queda da dívida
bruta, mas aumento da líquida. O Grêmio ficou estável. Palmeiras,
Santos, Corinthians, São Paulo, Atlético-MG e Botafogo e Internacional
tiveram crescimento das suas pendências. Vamos aos números.
Desconsideradas as receitas futuras de televisão, o passivo palmeirense
saltou de R$ 281,5 milhões, em 2013, para R$ 400 milhões até agosto de
2014. Os principais culpados são os empréstimos feitos pelo presidente
Paulo Nobre, que atingiram um total de R$ 138 milhões naquele mês.
Não
houve variação grande do ativo (direitos e bens), desconsideradas as
receitas de televisão futura. Assim, a situação financeira piorou
bastante. Ressalte-se, no entanto, que a dívida tributária está sob
controle.
Entre os rivais, o Corinthians também teve um
crescimento do passivo de R$ 309,6 milhões para R$ 343 milhões em
setembro de 2014. Seu endividamento líquido, que leva em conta o ativo
do clube, subiu para R$ 256 milhões, um aumento de quase um terço.
A
principal causa do rombo foram os altos gastos com o futebol e receitas
em baixa que criaram um déficit. O clube incluiu débitos no Refis, e
paga R$ 5 milhões por mês até o final do ano, o que reduz pendências
fiscais. Uma ressalva é que a diretoria corintiana não registra no
balanço os cerca de R$ 750 milhões em dívidas do Itaquerão. Somado esse
valor, o clube tem a maior rombo do Brasil.
No
Santos, o passivo cresceu R$ 54 milhões só no primeiro semestre de
2014, o que elevou o total a R$ 386 milhões. A situação do clube, no
entanto, é bem pior visto que há diversos atrasos de salários de
jogadores, e débitos por compras de atletas. Só em direitos de imagem a
dívida saltou de R$ 22 milhões para R$ 40 milhões.
O São Paulo não tem balancetes disponíveis de 2014. Mas o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, já admitiu um déficit de R$ 7 milhões por mês e o crescimento da dívida bancária. Ele falou em rombo de R$ 100 milhões no ano, mas deve fechar em menos do que isso.
O
Flamengo teve uma redução de R$ 15 milhões no seu passivo total que
ficou em R$ 810 milhões ao final de setembro de 2014. Mas o clube
aumentou o ativo onde há depósitos judiciais no valor de R$ 41 milhões,
ou seja, pagamento de dívidas.
A diretoria rubro-negra contabiliza
uma dívida líquida de R$ 560 milhões. Só que, para isso, exclui os
adiantamentos de contrato. É certo, no entanto, que a atual gestão pagou
um valor em torno de R$ 100 milhões em débitos – R$ 56 milhões de
redução do passivo mais R$ 41 milhões dos depósitos.
Embora sem
números disponíveis de 2014, o Botafogo tem um novo presidente, Carlos
Eduardo Pereira, que admitiu que a dívida já atingiu R$ 750 milhões após
um ano inteiro quase de calotes em salários, processos e pendências
fiscais.
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