Auditoria aponta altos gastos da gestão Piffero em obras no complexo Beira-Rio. Um montante superior a R$ 9 milhões foi repassado a um pool de empresas na área da construção civil
A conclusão de mais uma auditoria nas contas da gestão Vitorio Piffero promete incendiar a política colorada. Nos próximos dias, o Conselho de Gestão do Inter analisará o relatório apresentado pela Ernst & Young, que exigirá explicações dos dirigentes que comandaram o clube de janeiro de 2015 a dezembro de 2016.
Conforme aponta o levantamento da Ernst & Young, um pool formado por cinco empresas recebeu do Inter um valor superior a R$ 9 milhões, a título de obras no complexo. O detalhe: todas essas firmas atuam no ramo da construção civil, possuem o mesmo telefone e foram ligadas ao mesmo escritório de contabilidade. A matriz de uma delas fica em uma cobertura, no balneário de Torres — e essa recebeu sozinha R$ 5 milhões do clube. Outra, fica em um bairro no subúrbio de Viamão.
O que chamou a atenção da auditoria (e da atual direção do Inter) é que não há qualquer obra no complexo Beira-Rio que justifique esse montante. Além disso, os auditores foram surpreendidos com os altos valores sacados a título de adiantamento no caixa do clube: mais de R$ 9 milhões. No relatório, há a constatação que essas retiradas do caixa foram justificadas com notas fiscais das empresas de construção que formavam esse pool. Após a análise da auditoria pelo Conselho de Gestão, o relatório será encaminhado ao Conselho Deliberativo do Inter. Zero Hora procurou os dirigentes colorados de 2015 e de 2016, mas os contatos não foram respondidos.
Essa não é a primeira vez que as contas da gestão Piffero apresentam problemas. Em abril, o Conselho Deliberativo do Inter reprovou as contas da direção em 2016. A maioria dos conselheiros acatou a recomendação do Conselho Fiscal, que havia emitido parecer recomendando a reprovação das contas por "falhas graves nos controles internos" da gestão Vitorio Piffero no ano do rebaixamento do clube.
Na época, o presidente do Conselho, Geraldo Da Camino, pediu a abertura de sindicância para apurar as falhas. Foi a primeira vez na história do Inter que uma administração teve as contas rejeitadas. O fato, no entanto, não tem punição prevista no estatuto, o que acontece apenas em caso de comprovada improbidade.
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