O dinheiro distribuído a clubes de futebol pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro virou alvo do Ministério Público Federal.
O MPF acredita que a atual forma de partilha das cotas de TV, negociadas
individualmente pelos clubes, não é justa com os times menores.
Procurado por clubes insatisfeitos, o subprocurador-geral da República,
Sady d'Assumpção Torres Filho, entrou com pedido de investigação no Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sugerindo que exista
abuso, além de prática de conduta contra concorrência.
Em sua representação, o subprocurador argumenta que, apesar de o Clube
dos 13 ter acabado em 2011, os times que eram filiados à entidade
continuam se beneficiando de melhores contratos de TV.
Para Torres, a movimentação dos grandes times impõe "dificuldades de
negociação aos demais concorrentes que, apesar de disputarem as mesmas
competições, não têm, individualmente, o mesmo poder de barganha".
Em 2011, a TV Globo pagava R$ 343 milhões pelo campeonato, sendo que
Flamengo e Corinthians, com R$ 25 milhões cada, abocanhavam 14,6% do
total. Neste ano, o valor chegou a R$ 986 milhões, mas a participação
dos dois clubes chegou a 22,3% (R$ 170 milhões) cada um.
A partir do ano que vem, a diferença será ainda maior. Enquanto
Corinthians e Flamengo passarão a receber R$ 170 milhões ao ano (e
juntos terão 24,8% do total), times como Bahia, Coritiba, Goiás,
Atlético-PR, Sport e Vitória terão R$ 35 milhões cada um.
Para Torres, é preciso mudar essa realidade para evitar a
"espanholização". No país, os clubes também negociam de forma
individualizada, uma das razões, segundo ele, para o abismo de Real
Madrid e Barcelona em relação aos demais.
Já na Inglaterra, a Premier League é quem faz o repasse do dinheiro da
TV, seguindo alguns critérios: 50% divididos igualmente entre todas as
equipes, 25% de acordo com o mérito esportivo e 25% dependendo do número
de partidas transmitidas.
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