Juiz do trabalho e diretor do Foro Trabalhista de Porto Alegre, Roberto Teixeira Siegmann deixou a vice-presidência de futebol do Internacional no dia 18 de julho, junto com o técnico Paulo Roberto Falcão, que havia contratado. Na entrevista coletiva de despedida do clube, Siegmann já havia deixado claras as suas divergências com o atual presidente Giovanni Luigi e com a forma como vem sendo administrado o Internacional. Em entrevista ao Sul21, um mês e meio após sua saída, ele aprofunda suas críticas e defende que o grupo político do qual faz parte – na direção do Inter desde 2002 – precisa se repensar.
“Em 2005, nós queríamos um Inter sem dono e transparente; hoje, pecamos em democracia e transparência”, afirma Siegmann. O ex-vice de futebol do Inter recebeu o Sul21 na terça-feira (23) da semana passada, em seu gabinete na Justiça do Trabalho.
“Um presidente lento e corajoso ainda seria aceitável, mas suas tomadas de decisões são muito demoradas”, dispara Siegmann. O atraso na reforma do Beira-Rio, segundo o ex-dirigente, teria relação com a tomada de decisão demorada.
Sem medir muitas palavras, o ex-dirigente do Inter aponta uma “cultura de idolatria” no clube, que trouxe de volta o ídolo Fernandão para ser diretor de futebol. Para Siegmann, não vai dar certo. Na entrevista, ele refere-se ao futebol como uma “máfia”, critica as federações e os interesses estabelecidos dentro dos clubes do futebol, de quem se diz um apaixonado. “Sei como são feitas as salsichas, mas ainda assim como”, define.
Leia abaixo a entrevista com Roberto Siegmann.
Sul21 – A que o senhor atribui o episódio de sua saída?
Roberto Siegmann – O presidente Giovanni Luigi é muito temeroso e lento para modificar quaisquer estruturas no clube. Um presidente lento e corajoso ainda seria aceitável, mas suas tomadas de decisões são muito demoradas. Não havia nenhuma tentativa de Fernando Carvalho de interferir no trabalho, porém um temor reverencial por parte do presidente em relação à figura de Fernando Carvalho. Qualquer coisa que pudesse atingir a memória ou aquilo que ele pensasse ser o patrimônio de Fernando Carvalho era evitado.
.
Sul21 – E a situação financeira do clube?
Roberto Siegmann – A situação financeira do clube é dramática. São 24 milhões de reais de deficit acumulados este ano. No ano passado, este déficit foi mascarado pela venda do Estádio dos Eucaliptos. O déficit foi minorado, mas a situação é dramática. A venda do Leandro Damião é uma questão emergencial. Se não vender o Damião, não tem como chegar ao fim do ano que vem. É só uma questão de preço, de oportunidade.
Sul21 – Há jornalistas na folha de pagamento de clubes?
Roberto Siegmann – Há das mais variadas formas. Às vezes comprando livros, às vezes comprando CDs. Tem de tudo.
Sul21 – O que o senhor acha da presença do Fernandão como diretor técnico?
Roberto Siegmann – Acho trágica. Há uma cultura de idolatria no Internacional. Tudo o que voltar a 2005-2006 é uma maravilha. Vários jogadores foram contratados – Renan, Tinga, Bolívar, Sóbis – no anopassado, na mesma ideia do De Volta para o Futuro I, II, III, etc. O futebol está aí para nos desafiar, para que inventemos novos modelos e posturas, não para a gente ficar se repetindo. No imaginário do presidente, ele pensava em alguém que pudesse discutir a escalação com o treinador, interferir na contratação de jogadores e tivesse uma boa relação com eles. Nós já temos o Fábio Mahseredjian, o Élio Caravetta (preparadores físicos) e mais duzentas pessoas que têm relação com os jogadores. Não precisa mais gente. Sobre discutir a escalação: nenhum técnico com quem eu já tenha trabalhado que admita uma pessoa como o Fernandão dando pitacos sobre escalação. Até é admitida a intromissão de um dirigente quando as coisas estão ruins, mas de um ex-jogador que recém se aposentou? Nenhum treinador reconhecerá e admitirá a legitimidade nesta figura. O Inter, então, criou um monstro.
Sul21 – Então o Dorival Junior não aceitará o Fernandão?
Roberto Siegmann – Claro que não. Eles terão problemas a não ser que o Fernandão aceite ficar fazendo nada. Se ele ficar numa zona de come-dorme, pode ser que funcione.
Sul21 – O Fernandão não é burro…
Roberto Siegmann – Mas, olha só, o Celso Roth não falaria com o Fernandão, tenho certeza. Fossatti e Falcão idem. O Chumbinho ainda tinha uma função de infra-estrutura, logística e nas contratações, o Fernandão é jogador de futebol. Qual é sua experiência com contratos? Ele vai analisá-los? Sua presença só pode ser explicada pela necessidade de substituir o Falcão por outro ídolo para amenizar a insatisfação da torcida. Mas que ele não terá função, eu tenho toda a certeza.
Um comentário:
É SAI CARO COMPRAR TITULOS., MAS PARA O GRÊMIO NAO É BEM ASSIM NOS GANHAMOS E NA RAÇA MESMO., COLORODO PROCUREM A PALAVRA RAÇA NO DICIONARIO POR QUE VOCÊS NÃO CONHECEM., DA LE GRÊMIO IMORTAL TRICOLOR QUE SEMPRE AMAREI DE; DIEGO
Postar um comentário